A Importância do Acolhimento com o Sistema de Manchester no Serviço de Urgência e Emergência

THE IMPORTANCE OF RECEPTION WITH THE MANCHESTER SYSTEM IN THE URGENCY AND EMERGENCY SERVICE

LA IMPORTANCIA DE LA ACOGIDA CON MANCHESTER TRIAGE EN LOS SERVICIOS DE URGENCIAS Y EMERGENCIAS

Alícia de Paula de Sales - Graduanda em Enfermagem pela Uni Metrocamp Wyden. Tem experiência na área de Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: uso prolongado de anticoncepcionais, acolhimento com classificação de risco utilizando o Sistema de Manchester. UNIMETROCAMP - ORCID:0000-0002-3312-0709

Franciele Aparecida Vecchia Dionato - Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia, pós graduação em Urgência e Emergência, residência em Urgência e Trauma, mestrado em Ciências da Saúde e doutoranda em Fisiopatologia Médica pela FCM - UNICAMP (AC Medicina Experimental). ORCID:0000-0003-0517-6366

Letícia Schimerski Couto Santos - Graduanda de Enfermagem no Centro Universitário Uni Metrocamp Wyden, com experiência em teleatendimento, com ênfase em Enfermagem. ORCID:0000-0002-3545-3419

Luan Moreira da Silva - Técnico de Enfermagem da Fundação Centro Médico de Campinas. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Técnico de Enfermagem. ORCID:0000-0003-2663-3888

Natália Marinho Porto Estudante do 9º semestre de graduação em enfermagem pelo Centro Universitário Unimetrocamp Wyden-Campinas - ORCID:0000-0002-4067-6596

Valéria Aparecida Masson - Doutora em enfermagem (2012), mestre em enfermagem (2009) bacharel e licenciada em enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Especialista em Enfermagem em Estomaterapia e Saúde do trabalhador. ORCID:0000-0002-5076-635X

Vitória Lovato dos Santos - Acadêmica do décimo período do curso de graduação em Enfermagem da Uni Metrocamp Wyden, Campus Campinas - SP - ORCID:0000-0002-2155-7903

Maria Andreia da Silva Ribeiro - Doutorado (Faculdade de Enfermagem da Unicamp) ORCID: 0000-0001-9575-6668

Hellen Maria de Lima Graf Fernandes

Enfermeira. Docente. Doutoranda em enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em enfermagem pela Universidade São Paulo (USP), Especialista em enfermagem de centro cirúrgico, recuperação anestésica e centro de material e esterilização pela SOBECC desde 2013 ORCID: 0000-0002-0716-0950

RECEBIDO: 28/09/2022 
APROVADO: 01/11/2022
 

RESUMO

Objetivo: Avaliar a importância do acolhimento com a Triagem de Manchester nos serviços de urgência e emergência. Metodologia: Trata- se de um estudo por revisão integrativa, na qual foram localizados 10 artigos. Como recurso metodológico utilizou-se a estratégia PICO. Resultados: Dos artigos encontrados, 10 publicações atenderam os critérios de inclusão. Os temas diversos evidenciaram que os protocolos auxiliam e determinam o fluxo de pacientes, dando segurança e respaldo aos enfermeiros avaliadores. A CR é privativa do enfermeiro, mas o acolhimento provém de todos os profissionais da equipe. Conclusão: Verificou – se que o acolhimento com a classificação de risco utilizando o Protocolo de Manchester é de grande préstimo. Porém, há um grande desafio na gestão de implementar e articular o Protocolo de Manchester nas RUE, como também a imensa magnitude de um raciocínio clínico eficaz para uma boa tomada de decisão.

Descritores: Acolhimento. Classificação. Gestão de Risco. Enfermagem em Emergência. Enfermagem.

ABSTRACT

Objective: To assess the importance of triage in urgency and emergency department using the Manchester Triage System. Methodology: This integrative review assessed 10 studies using the PICO strategy. Results: Of the articles found, 10 publications met the inclusion criteria. The different themes showed that the protocols help and determine the flow of patients, providing security and support to the evaluating nurses. The RC is private to the nurse, but the reception comes from all the professionals of the team. Conclusion: It was found that the reception with the risk classification using the Manchester Protocol is of great use. However, there is a great challenge in the management of implementing and articulating the Manchester Protocol in the RUE, as well as the immense magnitude of an effective clinical reasoning for good decision making.

Descriptors: User Embracement. Classification. Risk Management. Emergency Nursing. Nursing

RESUMEN

Objetivo: Valorar la importancia de la acogida con Manchester Triage en los servicios de urgencias y emergencias. Método: Se trata de un estudio de revisión integradora, en el cual se localizaron 10 artículos. Como recurso metodológico ha sido utilizado la estrategia PICO. Resultados: De los artículos encontrados, 10 publicaciones cumplieron con los criterios de inclusión. Los diferentes temas mostraron que los protocolos ayudan y determinan el flujo de pacientes, brindando seguridad y apoyo a los enfermeros evaluadores. La CR es privada para la enfermera, pero la recepción viene de todos los profesionales del equipo. Conclusión: Ha sido posible constatar que la recepción con la clasificación de riesgo ante al Protocolo de Manchester es de gran utilidad. Sin embargo, existe un gran desafío en la gestión de implementar y articular el Protocolo de Manchester en la RUE, así como la inmensa magnitud de un razonamiento clínico efectivo para la buena toma de decisiones.

Descriptores: Recepción; Clasificación; Gestión de riesgos; Enfermería de Urgencias; Enfermería.

INTRODUÇÃO

O acolhimento é uma estratégia voltada para a abertura de vínculos com o cuidado centrado à pessoa. A integralidade, singularidade e equidade estão inerentes à processo do cuidado ao longo do tempo. Para tal, o acolhimento agrega componentes como, por exemplo, escuta ativa, postura ética, resolutividade, protagonismo do usuário no processo de saúde-doença e, por fim, em que ponto entram as atribuições do profissional para prestar a assistência1.

Em 2002, o Ministério da Saúde (MS), de acordo com a Portaria 2.048, propõe que haja nas instituições hospitalares de socorro rápido o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR). A princípio a classificação de risco surgiu no século XVIII, com as intervenções militares, onde os combatentes eram acolhidos ou até removidos do local de combate. Todavia, foi somente em 1960 que outras classificações ganharam relevância no sentido da atenção hospitalar2.

Contudo, entende-se por ACCR:

Conjunto de atividades que deve ser realizado por multiprofissionais de saúde, de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento3.

Hoje, a classificação de risco tem como objetivo assegurar o atendimento imediato que é identificado a partir da queixa inicial e, assim, é associado a um fluxograma chamado de Manchester4.  O fluxograma é divido em: emergência – vermelha; muito urgente – laranja; urgente – amarelo; pouco urgente – verde; e não urgente – azul5.

O protocolo de Manchester foi desenvolvido na cidade de Manchester, Inglaterra, em 1994, por mestres especialistas em triagem que estabeleceram a classificação de risco em cinco esferas5. Por ele, identifica-se o grau de risco com base nas respostas do paciente, informando aos que não correm risco imediato sobre o tempo de espera, possibilitando uma melhor condição de trabalho para os profissionais e aumentando o contentamento dos clientes1.

No cenário brasileiro a regulamentação do Sistema Manchester de Classificação de Risco (SMCR) foi acolhido no estado de Minas Gerais por meio da implementação do protocolo de Manchester. Neste foi defendido e aceito como uma política pública a partir de 2008 por não ser alinhado como diagnóstico, e sim ser centrado nas objeções apresentadas pelos usuários6.

Os serviços de emergência possuem uma significativa responsabilidade, em virtude de um acréscimo na demanda do número de acidentes, agravos a doenças crônicas degenerativas, violências urbanas e uma superlotação por parte da população. A procura de serviços está relacionada com a tentativa de amenizar problemas de uma menor complexidade no qual sobrecarrega o serviço de tal forma. Assim, é notório um descompasso na educação em saúde onde há uma transversalidade e uma articulação com todas as redes de atenção5.

Mesmo garantindo o ACCR por meio do SMCR, os hospitais de urgência e emergência possuem grande conflito por atendimento diligente e desta forma, implicam em uma má gestão da organização das filas e do tempo de espera, as quais podem ocasionar óbitos de indivíduos que não tiveram acesso no tempo adequado4.

Diante ao contexto apresentado, o presente estudo tem como objetivo avaliar conhecimentos segundo a percepção da atuação dos profissionais de enfermagem.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura que tem como finalidade reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado7.

As etapas que regeram essa revisão foram: identificação do tema e seleção da questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados (caracterização dos estudos), avaliação dos estudos, interpretação dos resultados e apresentação da síntese do conhecimento7.

Como recurso metodológico utilizou-se a estratégia PICO (acrônimo para patient, intervention, comparison, outcomes). O uso dessa estratégia para formular a questão de pesquisa na condução de métodos de revisão possibilita a identificação de palavras-chave, as quais auxiliam na localização de estudos primários relevantes nas bases de dados8. Assim, a questão de pesquisa delimitada foi: “Qual importância do acolhimento com a classificação de risco utilizando o sistema Manchester de classificação de risco na rede de urgência e emergência?” Nela, o primeiro elemento da estratégia (P) consiste no paciente a ser acolhido com a classificação de risco; o segundo (I), sistema Manchester de classificação de risco; o terceiro (C) não será utilizado pois não haverá comparação com outra ferramenta de classificação de risco; e o quarto elemento (O) a importância dos dois elementos juntos. Ressalta-se que, dependendo do método de revisão, não se emprega todos os elementos da estratégia PICO.

A questão norteadora do estudo foi: Qual importância do acolhimento com a classificação de risco utilizando o sistema Manchester de classificação de risco na rede de urgência e emergência (RUE)? Foram utilizados os seguintes descritores do DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings): “enfermagem em emergência”, “acolhimento”, “triagem”, “classificação”, “gestão de risco”. Os descritores foram combinados por meio do operador booleano AND, nas línguas portuguesa e inglesa.

A busca na literatura deu-se pelo levantamento de artigos publicanos nas seguintes bases de dados: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), PubMed. Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos do período de 2017 a 2022, em língua portuguesa e inglesa. Como critérios de exclusão, artigos publicados há mais de 5 anos, artigos em outras línguas que não sejam português e inglês, que não abortassem o tema “Sistema de Manchester” e que não respondessem à questão norteadora.

Os artigos foram selecionados de forma independente por cinco pesquisadores. Foram encontrados 29 artigos, e após leitura criteriosa, foram excluídos 19 artigos, totalizando 10 artigos na amostra final.

Figura 1: Fluxograma representando pesquisa em base de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos artigos encontrados, 10 publicações atenderam os critérios de inclusão compondo a amostra que se apresenta no Quadro 1.

Quadro 1 - Descrição dos artigos selecionados segundo o ano, autor e país, objetivo, metodologia e desfecho.

Autor

Ano

Local

 

Objetivos

Tipo de estudo

Amostra

Principais achados

Amorim et al (2019).

 

Distrito Federal -

Brasil

Verificar a conformidade do intervalo de tempo entre o término da classificação de risco e o início do atendimento médico com o recomendado pelo protocolo de Manchester e relacionar os tempos de atendimento e as categorias de risco com o desfecho.

Estudo transversal, retrospectivo e analítico.

O espaço destinado aos pacientes classificados como "verde" ou "azul" é inadequado em muitos locais, causando superlotação (a cada 300 pacientes, 245 estão dentro desta classificação) e existe a impressão de que não há importância em seu atendimento.

Aguiar, A. P. et al (2022).

 

Porto Velho – RO

Verificar o papel do enfermeiro na Classificação de Risco (CR) nos serviços de Urgência e Emergência. 

 

Revisão Integrativa

 

O enfermeiro é essencial para a Classificação de Risco (CR), visto que é através das necessidades dos pacientes, ou seja, a singularidade de cada indivíduo que é deliberado o atendimento.

Carapinheiro et al (2021).

 

Lisboa - PT e São Paulo - SP

Compreender as mudanças de papéis e de posição da enfermagem na organização da divisão do trabalho no hospital, que podem ter sido desencadeadas a partir da implementação do Sistema Manchester de Classificação de Risco em um serviço hospitalar de urgência e emergência.

Etnografia

O sistema de classificação de risco de Manchester ajuda na melhoria das condições de trabalho para os profissionais inseridos nas HUE, através de sua dinâmica e melhoria no fluxograma. É preciso observar as condições de cada localidade para aprimorar o uso do sistema.

Costa, P. J. et al.

(2020)

 

Porto Alegre - RS.

Verificar a acurácia do Sistema de Triagem de Manchester (STM) e os desfechos dos pacientes adultos em um serviço de emergência hospitalar.

 

Estudo transversal analítico.

420 prontuários.

O estudo demonstra que uma alta porcentagem (25%) dos atendimentos foram colocados em uma prioridade menor do que o ideal.

O estudo mostrou que existe uma eficácia de 68,8% na classificação de risco.

Mostrou, também, a importância da educação permanente dos profissionais de enfermagem, para garantir a qualidade e padronização do acolhimento.

O Protocolo de Triagem de Manchester tem eficácia moderada.

Jesus, et al (2021).

 

Bahia -

BA

Analisar os dados demográficos, perfil clínico e desfechos de pacientes em serviço de emergência segundo o nível de prioridade do Sistema de Triagem de Manchester.

 

Estudo transversal, analítico

Foi evidenciado maior percentual de sinais vitais alterados, número de exames realizados, internação e óbito nas categorias de alta prioridade do protocolo de Manchester.

Martins e Benvindo (2021).

 

Manhuaçu – MG

Dispor a importância do Acolhimento com a classificação de Risco (ACCR).

Revisão Integrativa.

 

O uso de protocolos no SUE são instrumentos essenciais para o exercício do Enfermeiro (a) dado que, é imperioso o desenvolvimento de novas competências direcionadas ao planejamento e organização do trabalho da Enfermagem.

Morais, et al (2021).

 

Vitória de Santo Antão - PE

Descrever os benefícios do uso do Protocolo de Manchester em serviços hospitalares de emergência percebidos pelos enfermeiros classificadores

Estudo transversal descritivo-exploratório

Foi evidenciado que os profissionais afirmam que o Protocolo de Manchester tem um grande impacto, quando se trata de benefícios e melhor mecanismo de gerenciamento, além da diminuição do risco de agravamento à saúde dos pacientes.

Roncalli et al (2017).

 

Minas Gerais

Compreender a visão do enfermeiro sobre a utilização do protocolo de Manchester e a população usuária

na classificação de risco de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Estudo de caso qualitativo.

Apesar dos desafios para a concretização da classificação de risco como uma estratégia acolhedora

e justo das demandas, o enfermeiro entendia que o protocolo de Manchester trazia segurança para a prática

e a qualidade da atenção prestada.

Silva et al (2019).

 

Minas Gerais -

MG

Caracterizar os atendimentos de pacientes classificados pelo Sistema de Triagem de Manchester (STM) em um hospital público de grande

Estudo descritivo quantitativo

A reavaliação dos fluxos e processos relacionados à classificação de risco e ao atendimento inicial tem o intuito de melhorar a precisão dos registros e do tempo de primeiro atendimento, o que pode contribuir para uma assistência mais qualificada e resolutiva.

Tam, H. L.; Chung, S. F.; Lou, C. K. (2018)

China

 

Avaliar a efetividade da triagem de pacientes realizada por enfermeiras e sugerir práticas para a melhora dessa no futuro.

 

Revisão.

9 estudos.

O estudo mostra que os enfermeiros expressam visões diferentes dos protocolos de acolhimento, provavelmente causadas por uma divergência no treinamento desses profissionais. Foi possível, também, observar uma melhor performance dos enfermeiros que passaram por treinamento recentemente. Por fim, a avaliação regular do conhecimento dos profissionais se mostrou eficiente para identificar possíveis falhas e divergências na percepção dos protocolos de acolhimento nos serviços de emergência.

Dos artigos encontrados, 90% eram nacionais e 10% internacionais. Das revistas, 20% dos artigos Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn); 10% Revista Gaúcha de Enfermagem; 10% Acervo+ Index Base; 10% VII Seminário Científico do UNIFACIG - Sociedade, Ciência e Tecnologia; 10% Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde (REAS); 10% Revista Baiana de Enfermagem; 10% Revista Mineira de Enfermagem; 10% BMC Emergency Medicine; 10% Revista de Associação Médica Brasileira. Com relação ao desenho metodológico, 40% foram estudo transversal; 30% revisão integrativa; 10% etnografia; 10% estudo de caso qualitativo; 10% estudo descritivo quantitativo. Dos idiomas, 40% dos artigos estão disponíveis em português; 30% em inglês e português; 20% em inglês; 10% em inglês, português e espanhol. Em relação aos anos, 10% foram disponibilizados no ano de 2017; 10% em 2018; 20% em 2019; 10% em 2020; 40% em 2021; 10% em 2022. Dos artigos selecionados, 80% foram escritos por enfermeiros (as).

O PROTOCOLO DE MANCHESTER NO ACOLHIMENTO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

O Protocolo de Manchester indica a classificação de cada paciente de acordo com sua complexidade, separando-os por cores e prioridades; a cor vermelha indica casos emergentes e deve ser atendido imediatamente; a laranja indica casos muito urgentes, com tempo de espera de, no máximo, 10 minutos; o amarelo, casos urgentes, com o tempo de espera de 60 minutos; o verde indica caso pouco urgentes, até 120 minutos para o atendimento; e a coloração azul indica que não há urgência no atendimento, seu tempo de espera pode ser de até 240 minutos5.

O acolhimento na classificação de risco é uma estratégia voltada para o atendimento centrado nos princípios do SUS, integralidade, universalidade e equidade. O enfermeiro deve buscar um atendimento integral e humanizado para visualizar o paciente além dos sintomas apresentados e independente do grau de urgência9. Uma escuta ativa com uma maior aproximação entre o usuário e a equipe de saúde, contribui para que o paciente se sinta seguro, e assegura um atendimento focado na diminuição das sequelas e dos riscos de agravamento decorrente do tempo de espera prolongado10.

Estudos demonstram que existe tanto supertriagem quanto subtriagem. Um motivo da subtriagem que podemos destacar é a falta de registros de sinais vitais e outros parâmetros, como glicemia capilar e ECG. Já a supertriagem, se relaciona com a diferença de experiências do enfermeiro que realiza a classificação e, também, os diferentes cenários nos quais esta é aplicada. A subtriagem pode acarretar riscos ao paciente, já que causa um aumento no tempo de espera nos serviços de urgência de emergência e atraso do tratamento, enquanto a supertriagem causa um desperdício de recursos11.

Ao iniciar seu atendimento na RUE, o paciente deve ser encaminhado à CR onde passará pela coleta de dados com um profissional enfermeiro, que indicará sua classificação. Em seguida, será direcionado à consulta médica e outras condutas necessárias12.

Em uma UPA, a maioria dos pacientes são avaliados como verde, seguido da classificação amarela. O pico do horário dos atendimentos varia no período da manhã, o amarelo com tempo de espera de aproximadamente 14 minutos, dentro do esperado, e o verde com a espera de cerca de 240 minutos, o dobro do preconizado pelo protocolo12.

Quanto maior a gravidade definida pela prioridade clínica, maior a frequência de atendimentos noturnos e de madrugada, sugerindo que diante de casos graves, independentemente do horário de ocorrência, a população tende a procurar atendimento médico imediato. As categorias de alta prioridade (vermelho e laranja) do protocolo de Manchester demonstraram maiores porcentagens de sinais vitais alterados, número de exames realizados, internações e óbitos5.

Os principais problemas durante estes atendimentos ocorrem devido ao espaço para a espera dos pacientes, que muitas vezes são pequenos ou estreitos. Existem muitas queixas, principalmente vindo dos classificados como verde, referente a sensação da falta de progresso na assistência, já que todos os pacientes ficam juntos no mesmo ambiente e devido à sobrecarga dos serviços12.

 Medidas precisam ser tomadas para a melhoria na qualidade e no tempo de atendimento, como passar a sensação de andamento mais rápido no atendimento, já que muito da satisfação dos pacientes partem de soluções subjetivas, a criação de portas de entrada e saída diferentes para o estabelecimento, e a separação dos pacientes de acordo com sua coloração. Outra medida, seria a disposição de profissionais em horários de maior demanda12.

Na conjuntura atual, a superlotação dos serviços de emergência é considerada um problema de saúde pública. Isso desencadeia diversos pontos chaves como: qualidade dos serviços prestados e assistência desordenada. Diante disso, o Ministério da Saúde notou uma emergente necessidade de produzir uma estratégia mais humanizada que respeite os princípios da Política Nacional de Humanização – PNH e disponha de um cuidado integral e decisiva para os usuários que buscarem os serviços de urgência e emergência. Dessa maneira, foi proposta a diretriz Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR13.

Assim, a classificação de risco colabora com os pacientes para uma adesão de sua realidade ou necessidade e por consequência possui o propósito de aprimorar os cuidados em conformidade dos riscos, tendo em vista transversalidade da Humanização14.

DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS ENFERMEIROS EM RELAÇÃO A CR

Os principais desafios encontrados a partir da análise dos estudos que compõem a amostra são: entendimento do usuário, a articulação com a Atenção Primária (AP), a capacitação do enfermeiro, e articulação entre as equipes do serviço de urgência e emergência (SUE)

Em relação ao entendimento do usuário sobre a processo, eles chegam para realizar a classificação com a ideia de ser atendido primeiramente, tendo uma interpretação incorreta sobre o processo da CR, acreditando que os sintomas que eles apresentam encaixam-se em uma classificação de nível mais urgente do que realmente é. Uma vez que o usuário tenha compreensão sobre a avaliação do risco, esse pode questionar a classificação que os enfermeiros fazem, julgando não serem capazes de entender os sintomas apresentados9. Outra razão, foi a necessidade percebida de que os pacientes buscam por um atendimento em uma enfermaria com mais recursos, pelo fato de as unidades básicas de saúde terem horários de funcionamento limitado e atenderem a demandas menos complexas15. Há também uma dificuldade de compreensão dos usuários no que diz respeito ao tempo de espera para o atendimento, havendo muitos questionamentos sobre o porquê de alguns pacientes serem atendidos antes, ou pela ansiedade de terem suas condições diagnosticadas e resolvidas10.

Foi observado uma inversão de fluxo de usuários entre a AP e as RUE, resultado de uma falha na comunicação, que muitas vezes gera a superlotação e a sobrecarga das equipes que atuam nesses. Os usuários utilizam de pronto atendimento como uma forma de suprir a deficiência de atendimento imediato da atenção básica9.

Observa-se que a maioria dos pacientes encontrados nas unidades de pronto atendimento, poderiam ter suas queixas resolvidas na atenção básica10. Muitos dos desfechos da classificação verde (pouco urgente) e azul (não urgente), é a dispensa de pacientes não medicados, havendo um direcionamento dos mesmos para serviços de outras complexidades15. Contribuindo assim, para a redução das longas filas de espera para os que necessitam de atendimento imediato10.

A tomada de decisão, o raciocínio clínico, acompanhamento, resolutividade, os cuidados de enfermagem, equidade e a prioridade singular de cada paciente são instrumentos esperados da enfermagem. Isso pode ser designado para cada pessoa, assim englobando uma assistência integral de modo a colaborar com as diversas situações e com a classificação correta, há um melhor fluxo e continuidade dos serviços14.

A Resolução COFEN 358/2009 deixa explícito da importância do Processo de Enfermagem. Ele é um instrumento metodológico para nortear os cuidados de enfermagem e a documentação da prática profissional. Nesse contexto, a atuação do enfermeiro (a) aos pacientes em situações de urgência e emergência é de grande valia visto que, o conhecimento técnico-científico aplicado de forma positiva auxilia na evolução do quadro frente ao cenário14.

A literatura mostra baixa consistência de entendimento do sistema de triagem, porém os profissionais de enfermagem direcionam os pacientes para as categorias corretas. Essa deficiência de compreensão pode ter efeitos negativos para os usuários, mostrando que é preciso facilitar o ensinamento do sistema de classificação de risco. Treinamentos constantes revelam uma influência positiva na acurácia do atendimento, porém, é importante destacar que esses podem não ser o suficiente, já que é necessário também se preocupar com o conteúdo e estrutura dos treinamentos. Para além do conteúdo apresentado, é necessária uma concordância entre os instrutores. É importante que os instrutores entendam o sistema de classificação de maneira clara e homogênea, para que assim, os riscos de desinformações passadas aos enfermeiros diminuam, aumentando a qualidade do atendimento16.

Os SUE são constituídas por equipes multiprofissionais, que vão desde os médicos até à recepção, por isso a importância de uma educação continuada a todos9. O posicionamento da liderança das equipes multiprofissionais nos cargos de gestão e auditores do próprio conjunto hospitalar de urgências e emergência, pode exigir demarcações para o crescimento da durabilidade e assim, uma direção nas decisões dos acontecimentos17.

Os protocolos auxiliam e determinam o fluxo de pacientes, dando segurança e respaldo aos enfermeiros avaliadores. A CR é privativa do enfermeiro, mas o acolhimento provém de todos os profissionais da equipe. A recepção tem o encargo de um acolhimento inicial, explanar a CR ao paciente, e muitas vezes é pressionada pelo usuário em relação à demora em seu atendimento. Muitas vezes o enfermeiro tem a necessidade de reclassificação, pelo frequente questionamento por parte da equipe médica, que contesta a classificação, principalmente pela distinção de queixas apresentadas pelo paciente17.

CONCLUSÃO

Esse estudo abordou os principais tópicos sobre a importância do acolhimento com o sistema de Manchester no serviço de urgência e emergência. As incumbências de emergência possuem uma grande responsabilidade e com o aumento nos propósitos de agravos leva a onusta dos serviços assim, encaminhando a uma tarefa árdua e de média resolutividade.

Os objetivos estabelecidos nesse estudo foram alcançados, visto que foi possível identificar a aproximação do Protocolo de Manchester com o acolhimento e os desafios enfrentados pelos profissionais da enfermagem em relação a classificação de risco.

Com isso, foi possível responder ao questionamento levantado anteriormente. Verificou – se que o acolhimento com a classificação de risco utilizando o Protocolo de Manchester é de grande préstimo. Porém, há um grande desafio na gestão de implementar e articular o Protocolo de Manchester nas RUE, como também a imensa magnitude de um raciocínio clínico eficaz para uma boa tomada de decisão. Dessa maneira, há um impacto diretamente com os profissionais e com os pacientes que estão na fila de espera para uma resolutividade de suas questões. Isso traz prejuízo para um eficaz desfecho de prognóstico e cuidados a partir das queixas apontadas pelos clientes.

De acordo com as pesquisas, observamos um espaço inadequado destinado aos pacientes com um maior tempo de espera em muitos locais causando superlotação bem como, é um Protocolo de grande impacto relacionado a benefícios e melhor mecanismo de gerenciamento, além de atenuar o risco de agravamento à saúde dos pacientes. Por fim, a educação permanente deve estar presente, pois é através dela que se avalia regularmente o conhecimento dos profissionais e identifica as possíveis falhas e discordâncias na percepção dos conhecimentos.

Espera-se que esse estudo seja utilizado por profissionais de saúde com uma forma de contribuição nas ações desse setor, facilitando e melhorando a aquisição de conhecimento sobre a temática. Considerando que nenhum conhecimento é finito, recomenda-se um maior aprofundamento sobre a classificação de risco utilizando o Protocolo de Manchester com vistas a identificar novas informações. Além disso, pode ser desenvolvido estudos de campo em uma perspectiva futura, de forma a aperfeiçoar o gerenciamento e efetivar um melhor acolhimento voltado para a classificação de risco nas Redes de Urgência e Emergência.

REFERÊNCIAS:

  1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Acolhimento e Classificação de Risco nos Serviços de Urgência e Emergência. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_classificaao_risco_servico_urgencia.pdf Acesso em: 20 mar. 2022.

 

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3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA Nº 2048, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2002. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html#:~:text=O%20processo%20de%20triagem%20classifi

cat%C3%B3ria,de%20prioridade%20para%20o%20atendimento. Acesso em: 20 mar. 2022.

 

  1. PINTO JÚNIOR, DOMINGOS, SALGADO, PATRÍCIA DE OLIVEIRA E CHIANCA, TÂNIA COUTO MACHADO. Predictive validity of the Manchester Triage System: evaluation of outcomes of patients admitted to an emergency department. Revista Latino-Americana de Enfermagem [online]. 2012, v. 20, n. 6 [Acessado 20 Março 2022] , pp. 1041-1047. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-11692012000600005>. Epub 17 Dez 2012. ISSN 1518-8345. https://doi.org/10.1590/S0104-11692012000600005.

 

  1. SILVA, A. D. C. et al. CHARACTERISTICS OF CARE OF A PUBLIC EMERGENCY ROOM ACCORDING TO THE MANCHESTER TRIAGE SYSTEM. Reme Revista Mineira de Enfermagem [Acessado em 23 de Agosto 2022] ,v. 23, 2019.Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/1178.pdf

 

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